Aquecimento x Alongamento


alongamento ou aquecimento? qual a melhor opção para seu corpo antes do treino ou exercício físico?

Um dos assuntos que gera mais duvida em treinadores e atletas de todos os esportes é a diferença entre Aquecimento e Alongamento. E muitos treinadores tem opiniões diferentes o que é melhor para o esporte A ou B. Porém, os dois tem características peculiares, que pode causar lesões e trazer lesões quepodem durar por um longo tempo.  


O aquecimento é negligenciado por alguns porém a necessidade da realização de aquecimento antes da prática de qualquer atividade físico-esportiva é quase que uma unanimidade. No entanto, as razões que o tornam tão importante são, por vezes, desconhecidas, e a sua aplicação, consequentemente, acaba ocorrendo de maneira equivocada.

O aquecimento, intuitivamente, tem como função principal, elevar a temperatura corporal, o que resultará no aumento da taxa metabólica, fluxo sanguíneo e transporte de oxigênio para os tecidos (sobretudo para os músculos), preparando o organismo fisiológica e psicologicamente para o exercício. Porém, o mesmo desempenha outro papel, biomecânico, tão importante quanto os já citados: aumenta a capacidade de suporte de carga das estruturas articulares.

Um aquecimento realizado de forma progressiva, na magnitude adequada e obedecendo a especificidade da modalidade a ser praticada e ao princípio da individualidade biológica, não apenas pode otimizar o desempenho no exercício, mas principalmente, prevenir lesões.

Um bom exemplo do quão imprescindível é a preparação do seu corpo para receber a sobrecarga gerada pelos exercícios – lembrando que sobrecarga não é algo negativo e tampouco proveniente apenas do exercício, mas sim inerente a todas as situações do aparelho locomotor, até mesmo durante o repouso – refere-se às suas cartilagens. Elas são estruturas que desempenham funções essenciais ao bom funcionamento da locomoção e do movimento, podendo suportar cargas com magnitudes e frequências expressivas, mantendo sua integridade mecânica e biológica por toda a vida. 

No entanto, muitas pessoas acabam por desenvolver processos inflamatórios ou até mesmo degenerativos nesta estrutura.Um bom aquecimento é peça-chave na prevenção das lesões. O problema raramente está relacionado ao aspecto de intensidade. Um dos fatores a que as patologias ou lesões cartilaginosas estão associadas quando falamos de indivíduos fisicamente ativos, refere-se à ausência ou má utilização dos aquecimentos. Isso porque a resposta à acepção de carga ocorre de forma lenta e gradual e, neste sentido, a ausência de aquecimentos ou sua aplicação em uma intensidade desproporcional (alta), pode provocar uma sobrecarga inesperada às cartilagens e demais estruturas articulares, causando a médio e longo prazo, a sua deterioração.

Os aquecimentos devem ser utilizados de forma a promover uma adaptação positiva nessa estrutura, sendo aplicados com parcimônia na intenção de obter respostas mecânicas progressivas até atingir o equilíbrio, ponto em que considera-se apta a absorver choque de forma eficiente. Então vamos alongar antes da prática físico-esportiva! Certo? Errado novamente!

ALONGAMENTO

O alongamento é, por sua vez, uma prática que tem por objetivo induzir flexibilidade, que traduz-se pela capacidade de amplitude de movimento de uma determinada articulação. Pode ser influenciada pela idade, sendo reduzida progressivamente rigidez com o passar dos anos. O mesmo ocorre com o sedentarismo, que aumenta a rigidez muscular e pode desencadear ou agravar possíveis encurtamentos. A temperatura também é um fator que altera os aspectos de distensibilidade, caracterizando-se por uma maior rigidez pela manhã (necessitando de aquecimento prévio) e aumento gradual durante o dia, em razão da elevação da temperatura corporal. É importante ressaltar que algumas articulações tendem a ser mais móveis que outras, sendo este, também, um fator que altera essa capacidade.

Dentre os benefícios decorrentes na flexibilidade promovida pelo alongamento, temos o relaxamento muscular (que pode auxiliar inclusive na descompressão discal quando realizado após muito tempo sentado, por exemplo), se o somatório do estresse ativo (treinamento) e passivo (alongamento) não ultrapassar o limite. No entanto, ao contrário do que alguns defendem, a literatura científica não aponta melhoras significativas no quadro de dor muscular tardia (até 72 horas após o treino).

Também não é possível afirmar cientificamente que o alongamento possa induzir a redução de lesões em geral, mas parece ser eficiente para evitar as de caráter miotendíneas. Alguns estudos, inclusive, apontam um aumento considerável no índice das lesões em decorrência da queda da capacidade de absorção de choque pela somatória de microtraumas associados a este e ao treinamento. Com relação ao desempenho físico-esportivo, também não são encontrados na literatura científica, estudos que tenham observado influência positiva do alongamento. Ao contrário, alguns apontam quedas, por exemplo, na altura do salto vertical, ação importante em diversas modalidades. Isso se justifica pela redução da eficiência mecânica, já que há redução considerável de força quando se utiliza esta estratégia (alongamento pré-treino).

Daí conclui-se que, se não há redução de lesão ou melhora de desempenho, o alongamento torna-se inútil, certo? Hum… Errado! Os resultado obtidos através do alongamento, ou seja, a flexibilidade, tem correlação direta com a redução de lesões, pois a literatura aponta que baixa mobilidade articular leva a movimentos atípicos, aumentando a sobrecarga e a vulnerabilidade no desenvolvimento de patologias ou mesmo, traumas. Por outro lado, a hipermobilidade, que pode estar associada a um quadro patológico ou ser adquirida através do treinamento (alongamento), não conceitua-se por um quadro saudável, já que permite amplitudes de movimento excessivas e uma consequente susceptibilidade a traumas ou patologias em outros tecidos articulares.
Então, alongar ou não? Como resolver este impasse? Evitando sessões intensas de alongamento na mesma em que se realizar o treinamento de outras capacidades ou previamente a jogos e competições. Aqui, só vejo um problema: até você convencer o seu atleta de que aquilo que ele ouviu a vida inteira (“alongar antes do treino/jogo previne lesões e melhora o desempenho”) está equivocado, os aspectos psicológicos podem dominar toda a situação e o rendimento do mesmo, vir a ser muito aquém do esperado. O que fazer?

Saiba aplicar o alongamento como parte do seu aquecimento, garantindo que o mesmo ocorra em intensidade baixa, não sendo prejudicial à saúde e eficiência do seu aluno ou atleta. E lembre-se: ainda é necessário considerar os objetivos e especificidade da modalidade na escolha do método a ser utilizado (alongamento ativo, passivo, balístico ou facilitação neural proprioceptiva (FNP)).

Conclusão: alongamento não é aquecimento, mas pode fazer parte deste desde que em baixa intensidade. Realize o aquecimento geral (elevação da temperatura corporal) mas nunca se esqueça do aquecimento geral específico. Evite alongamentos intensos na mesma sessão de treino, sobretudo se anterior a este. Periodize seus treinos! Essa é a chave!

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